UNICAMP 2012
1ª. Fase do vestibular da
Unicamp, realizado em 13/11/11
QUESTÃO 31
A longa presença de povos
árabes no norte da África, mesmo antes de Maomé, possibilitou uma interação
cultural, um conhecimento das línguas e costumes, o que facilitou
posteriormente a expansão do islamismo. Por outro lado, deve-se considerar a
superioridade bélica de alguns povos africanos, como os sudaneses, que
efetivaram a conversão e a conquista de vários grupos na região da Núbia,
promovendo uma expansão do Islã que não se apoia na presença árabe.
(Adaptado de Luiz Arnaut e Ana
Mônica Lopes, História da África: uma introdução. Belo Horizonte:
Crisálida, 2005, p. 29-30.)
Sobre a presença islâmica na
África é correto afirmar que:
a) O princípio religioso do
esforço de conversão, a jihad, foi marcado pela violência no norte da
África e pela aceitação do islamismo em todo o continente africano.
b) Os processos de interação
cultural entre árabes e africanos, como os propiciados pelas relações comerciais,
são anteriores ao surgimento do islamismo.
c) A expansão do islamismo na
África ocorreu pela ação dos árabes, suprimindo as crenças religiosas
tradicionais do continente.
d) O islamismo é a principal
religião dos povos africanos e sua expansão ocorreu durante a corrida
imperialista do século XIX.
Resposta: B
Resolução: A questão pode ser
respondida a partir da leitura do texto e de conhecimentos gerais sobre a
expansão islâmica e não é necessário o conhecimento específico sobre os povos
africanos e seu processo de islamização.
Por conta de interesses
comerciais, grupos árabes estabeleceram contato e se misturavam a povos
africanos, num processo de interação cultural que, mais tarde, contribuiu para
a difusão da religião. Esses grupos mercantis eram minoritários e existiram em
diversas regiões da África, mesmo sob domínio de outros povos. O texto destaca
que alguns grupos africanos – e não árabes – foram, posteriormente,
responsáveis pela expansão do islamismo para diversas partes do interior do continente.
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QUESTÃO 32
De uma forma inteiramente
inédita, os humanistas, entre os séculos XV e XVI, criaram uma nova forma de
entender a realidade. Magia e ciência, poesia e filosofia misturavam-se e
auxiliavam-se, numa sociedade atravessada por inquietações religiosas e por
exigências práticas de todo gênero.
(Adaptado de Eugenio Garin, Ciência
e vida civil no Renascimento italiano. São Paulo: Ed. Unesp, 1994, p. 11.)
Sobre o tema, é correto
afirmar que:
a) O pensamento humanista
implicava a total recusa da existência de Deus nas artes e na ciência, o que
libertava o homem para conhecer a natureza e a sociedade.
b) A mistura de conhecimentos
das mais diferentes origens - como a magia e a ciência - levou a uma
instabilidade imprevisível, que lançou a Europa numa onda de obscurantismo que
apenas o Iluminismo pôde reverter.
c) As transformações
artísticas e políticas do Renascimento incluíram a inspiração nos ideais da
Antiguidade Clássica na pintura, na arquitetura e na escultura.
d) As inquietações religiosas
vividas principalmente ao longo do século XVI culminaram nas Reformas
Calvinista, Luterana, Anglicana e finalmente no movimento da Contrarreforma,
que defendeu a fé protestante contra seus inimigos.
Resposta: C
Resolução: apesar de cristãos,
os humanistas se preocuparam em compreender o ser humano a partir de novas
perspectivas, definidas pelo racionalismo, valorizando o individualismo. A
idéia básica de Renascimento Cultural
está associada ao resgate da cultura clássica, Greco-romana. No século XVI, o
movimento de Reforma Religiosa,
denominada de protestante, incorpora elementos originados com o Renascimento,
destacando-se a visão crítica de mundo e o próprio individualismo, sendo que os
reformadores foram combatidos pela Igreja Católica com maior vigor a partir da
contrareforma.
QUESTÃO 33
O movimento pelas Diretas Já
provocou uma das maiores mobilizações populares na história recente do Brasil,
tendo contado com a cobertura nos principais jornais do país.
Assinale a alternativa
correta.
a) O movimento pelas Diretas
Já, baseado na emenda constitucional proposta pelo deputado Dante de Oliveira,
exigia a antecipação das eleições gerais para deputados, senadores,
governadores e prefeitos.
b) O fato de que os protestos
populares pelas Diretas Já pudessem ser veiculados nas páginas dos jornais
indica que o governo vigente, ao evitar censurar a imprensa, mostrava-se
favorável às eleições diretas para presidente.
c) O movimento pelas Diretas
Já exigia que as eleições presidenciais de 1985 ocorressem não de forma
indireta, via Colégio Eleitoral, mas de forma direta por meio do voto popular.
d) As manifestações populares
pelas Diretas Já consistiram nas primeiras marchas e protestos civis no espaço
público desde a instituição do AI-5, em dezembro de 1968.
Resposta: C
Resolução: No processo de
“abertura política” iniciado no governo Figueiredo, algumas medidas se
destacaram como o fim da censura, a anistia, o pluripartidarismo e as eleições
para governadores estaduais, que se realizaram em 1982. No entanto, aproximando
o final do mandato, os militares e o partido governista, pretendiam manter a
eleição presidencial pela via indireta, ou seja, através do “colégio eleitoral”.
O movimento das “Diretas Já”,
iniciou-se em fins de 1983 e teve a adesão de amplos setores da sociedade,
exigindo a aprovação da emenda constitucional apresentada pelo deputado Dante
de Oliveira, de eleições diretas para Presidente da República. Apesar das
grandes mobilizações que ocorreram no país, a emenda não foi aprovada e a
eleição de 1985 ocorreu de forma indireta.
TEXTO PARA AS QUESTÕES 34 E 35
“O homem nasce livre, e por
toda a parte encontra-se a ferros. O que se crê senhor dos demais não deixa de
ser mais escravo do que eles. (...) A ordem social, porém, é um direito sagrado
que serve de base a todos os outros.
(...) Haverá sempre uma grande
diferença entre subjugar uma multidão e reger uma sociedade. Sejam homens
isolados, quantos possam ser submetidos sucessivamente a um só, e não verei
nisso senão um senhor e escravos, de modo algum considerando-os um povo e seu
chefe. Trata-se, caso se queira, de uma agregação, mas não de uma associação;
nela não existe bem público, nem corpo político.”
(Jean-Jacques Rousseau, Do
Contrato Social. [1762]. São Paulo: Ed. Abril, 1973, p. 28,36.)
QUESTÃO 34
No trecho apresentado, o autor
a) argumenta que um corpo
político existe quando os homens encontram-se associados em estado de igualdade
política.
b) reconhece os direitos
sagrados como base para os direitos políticos e sociais.
c) defende a necessidade de os
homens se unirem em agregações, em busca de seus direitos políticos.
d) denuncia a prática da
escravidão nas Américas, que obrigava multidões de homens a se submeterem a um
único senhor.
Resposta: A
Resolução: Rousseau foi um dos
mais destacados iluministas, tendo publicado diversas obras, sendo que Do
Contrato Social é a mais analisada e difundida. Discute a organização do
poder como expressão da vontade da sociedade, criticando o modelo absolutista
de sua época e defendendo a organização social para a formação do governo, que
deve representar o povo. A expressão “direito sagrado” que aparece no texto não
deve ser tomada como base religiosa do autor, mas como a ideia de um direito
básico.
QUESTÃO 35
Sobre Do Contrato Social,
publicado em 1762, e seu autor, é correto afirmar que:
a) Rousseau, um dos grandes
autores do Iluminismo, defende a necessidade de o Estado francês substituir os
impostos por contratos comerciais com os cidadãos.
b) A obra inspirou os ideais
da Revolução Francesa, ao explicar o nascimento da sociedade pelo contrato
social e pregar a soberania do povo.
c) Rousseau defendia a
necessidade de o homem voltar a seu estado natural, para assim garantir a
sobrevivência da sociedade.
d) O livro, inspirado pelos
acontecimentos da Independência Americana, chegou a ser proibido e queimado em
solo francês.
Resposta: B
Resolução: Ao defender um
modelo democrático, Rousseau inspirou principalmente os grupos populares,
destacando-se o grupo jacobino, que
incorporou muitos de seus ideais durante a fase da Convenção, quando ocorreram
eleições como voto popular (masculino), ao contrário do que defendiam os
setores mais elitizados da sociedade, favoráveis, como a maioria dos
iluministas, ao voto censitário.
QUESTÃO 36
A política do Império do
Brasil em relação ao Paraguai buscou alcançar três objetivos. O primeiro deles
foi o de obter a livre navegação do rio Paraguai, de modo a garantir a
comunicação marítimo-fluvial da província de Mato Grosso com o restante do
Brasil. O segundo objetivo foi o de buscar estabelecer um tratado delimitando
as fronteiras com o país guarani. Por último, um objetivo permanente do
Império, até o seu fim em 1889, foi o de procurar conter a influência argentina
sobre o Paraguai, convencido de que Buenos Aires ambicionava ser o centro de um
Estado que abrangesse o antigo vice-reino do Rio da Prata, incorporando o
Paraguai.
(Adaptado de Francisco Doratioto, Maldita Guerra: nova história da
Guerra do Paraguai. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p. 471.)
Sobre o contexto histórico a
que o texto se refere é correto afirmar que:
a) A Guerra do Paraguai foi um
instrumento de consolidação de fronteiras e uma demonstração da política
externa do Império em relação aos vizinhos, embora tenha gerado desgastes para
Pedro II.
b) As motivações econômicas
eram suficientes para empreender a guerra contra o Paraguai, que pretendia
anexar territórios do Brasil, da Bolívia e do Chile, em busca de uma saída para
o mar.
c) A Argentina pretendia
anexar o Paraguai e o Uruguai, mas foi contida pela interferência do Brasil e
pela pressão dos EUA, parceiros estratégicos que se opunham à recriação do
vice-reino do Rio da Prata.
d) O mais longo conflito
bélico da América do Sul matou milhares de paraguaios e produziu uma aliança
entre indígenas e negros que atuavam contra os brancos descendentes de espanhóis
e portugueses.
Resposta: A
Resolução: o texto destaca a
política externa do 2º. Reinado na América Latina, entendida como hegemônica ou
imperialista, ou seja, que busca o predomínio frente aos demais países,
defendendo, quando necessário, a intervenção direta. A Guerra do Paraguai
deve ser entendida como parte do imperialismo brasileiro, que interveio tanto
na Argentina como no Uruguai, antes de enfrentar o Paraguai.
Terminada a Guerra, o Brasil,
vitorioso, teve que enfrentar uma forte elevação da dívida externa com a
Inglaterra e os novos movimentos defensores do abolicionismo e da República.
QUESTÃO 37
Emboaba: nome indígena que
significa “o estrangeiro”, atribuído aos forasteiros pelos paulistas, primeiros
povoadores da região das minas. Com a descoberta do ouro em fins do século
XVII, milhares de pessoas da colônia e da metrópole vieram para as minas,
causando grandes tumultos. Formaram-se duas facções, paulistas e emboabas, que
disputavam o governo do território, tentando impor suas próprias leis.
(Adaptado de Maria Beatriz
Nizza da Silva (coord.), Dicionário da História da Colonização Portuguesa no
Brasil. Lisboa: Verbo, 1994, p. 285.)
Sobre o período em questão é
correto afirmar que:
a) As disputas pelo território
emboaba colocaram em confronto paulistas e mineiros, que lutaram pela posse e
exploração das minas.
b) A região das minas foi
politicamente convulsionada desde sua formação, em fins do século XVII, o que
explica a resistência local aos inconfidentes mineiros.
c) A luta dos emboabas ilustra
o processo de conquista de fronteiras do império português nas Américas,
enquanto na África os portugueses se retiravam definitivamente no século XVIII.
d) A monarquia portuguesa
administrava territórios distintos e vários sujeitos sociais, muitos deles em
disputa entre si, como paulistas e emboabas, ambos súditos da Coroa.
Resposta: D
Resolução: os primeiros
ocupantes da região das minas foram paulistas de origem bandeirante, que
sonharam enriquecer com o ouro encontrado. No entanto, toda a estruturação da exploração aurífera
ficou sob controle de representantes da metrópole, que distribuíram as terras
àqueles que possuíam escravos – normalmente vindos da região açucareira em
crise – e privilegiavam mercadores de origem portuguesa, muitos vindos da
cidade do Rio de Janeiro. Esses dois grupos, que chegaram posteriormente, eram
vistos como “forasteiros” pelos primeiros ocupantes da região e seus
privilégios foram contestados, num movimento que redundou em uma Guerra, com
violenta repressão sobre os pequenos mineradores.
QUESTÃO 38
“Ninguém é mais do que eu
partidário de uma política exterior baseada na amizade íntima com os Estados
Unidos. A Doutrina Monroe impõe aos Estados Unidos uma política externa que se
começa a desenhar. (…) Em tais condições a nossa diplomacia deve ser
principalmente feita em Washington (...). Para mim a Doutrina Monroe (...)
significa que politicamente nós nos desprendemos da Europa tão completamente e
definitivamente como a lua da terra.”
(Adaptado de Joaquim Nabuco,
citado por José Maria de Oliveira Silva, “Manoel Bonfim e a ideologia do imperialismo
na América Latina”, em Revista de História, n. 138. São Paulo, jul.
1988, p.88.)
Sobre o contexto ao qual o
político e diplomata brasileiro Joaquim Nabuco se refere, é possível afirmar
que:
a) A Doutrina Monroe a que
Nabuco se refere, estabelecida em 1823, tinha por base a ideia de “a América
para os americanos”.
b) Joaquim Nabuco, em sua
atuação como embaixador, antecipou a política imperialista americana de tornar
o Brasil o “quintal” dos Estados Unidos.
c) Ao declarar que a América
estava tão distante da Europa “como a lua da terra”, Nabuco reforçava a
necessidade imediata de o Brasil romper suas relações diplomáticas com
Portugal.
d) O pensamento americano
considerava legítimas as intenções norte-americanas na América Central, bem
como o apoio às ditaduras na América do Sul, desde o século XIX.
Resposta: A
Resolução: a questão aborda
uma ideia básica acerca da política externa dos Estados Unidos na época do
Presidente James Monroe, momento das independências na América Latina, sob
cobiça do imperialismo inglês, sintetizada na célebre frase.
Denominada de “monroísmo”, foi
considerada como uma ideologia pan-americana,
porém com uma visão diferente daquela propugnado por Bolívar.
QUESTÃO 39
Em discurso proferido em 20 de
maio de 2011, o presidente dos EUA, Barack Obama, pronunciou-se sobre as
negociações relativas ao conflito entre palestinos e israelenses, propondo o
retorno à configuração territorial anterior à Guerra dos Seis Dias, ocorrida em
1967.
Sobre o contexto relacionado
ao conflito mencionado é correto afirmar que:
a) A criação do Estado de
Israel, em 1948, marcou o início de um período de instabilidade no Oriente
Médio, pois significou o confisco dos territórios do Estado da Palestina que
existia até então e desagradou o mundo árabe.
b) A Guerra dos Seis Dias
insere-se no contexto de outras disputas entre árabes e israelenses, por causa
das reservas de petróleo localizadas naquela região do Oriente Médio.
c) A Guerra dos Seis Dias
significou a ampliação territorial de Israel, com a anexação de territórios,
justificada pelos israelenses como medida preventiva para garantir sua
segurança contra ações árabes.
d) O discurso de Obama
representa a postura tradicional da diplomacia norte-americana, que defende a
existência dos Estados de Israel e da Palestina, e diverge da diplomacia
europeia, que condena a existência dos dois Estados.
Resposta: C
Resolução: a “guerra dos seis
dias” foi um dos três grandes conflitos que envolveram Israel e países árabes.
Em 1967, Israel atacou os países vizinhos, com um pretexto de evitar sofrer uma
invasão. No fim da guerra, Israel conseguiu ampliar seus territórios ao
conquistar a Península do Sinai, a Faixa de Gaza, a Cisjordânia e as Colinas de
Golã.
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