segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

UNICAMP 2012


UNICAMP 2012

1ª. Fase do vestibular da Unicamp, realizado em 13/11/11

QUESTÃO 31
A longa presença de povos árabes no norte da África, mesmo antes de Maomé, possibilitou uma interação cultural, um conhecimento das línguas e costumes, o que facilitou posteriormente a expansão do islamismo. Por outro lado, deve-se considerar a superioridade bélica de alguns povos africanos, como os sudaneses, que efetivaram a conversão e a conquista de vários grupos na região da Núbia, promovendo uma expansão do Islã que não se apoia na presença árabe.
(Adaptado de Luiz Arnaut e Ana Mônica Lopes, História da África: uma introdução. Belo Horizonte: Crisálida, 2005, p. 29-30.)

Sobre a presença islâmica na África é correto afirmar que:
a) O princípio religioso do esforço de conversão, a jihad, foi marcado pela violência no norte da África e pela aceitação do islamismo em todo o continente africano.
b) Os processos de interação cultural entre árabes e africanos, como os propiciados pelas relações comerciais, são anteriores ao surgimento do islamismo.
c) A expansão do islamismo na África ocorreu pela ação dos árabes, suprimindo as crenças religiosas tradicionais do continente.
d) O islamismo é a principal religião dos povos africanos e sua expansão ocorreu durante a corrida imperialista do século XIX.
Resposta: B
Resolução: A questão pode ser respondida a partir da leitura do texto e de conhecimentos gerais sobre a expansão islâmica e não é necessário o conhecimento específico sobre os povos africanos e seu processo de islamização.
Por conta de interesses comerciais, grupos árabes estabeleceram contato e se misturavam a povos africanos, num processo de interação cultural que, mais tarde, contribuiu para a difusão da religião. Esses grupos mercantis eram minoritários e existiram em diversas regiões da África, mesmo sob domínio de outros povos. O texto destaca que alguns grupos africanos – e não árabes – foram, posteriormente, responsáveis pela expansão do islamismo para diversas partes do interior do continente.
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QUESTÃO 32
De uma forma inteiramente inédita, os humanistas, entre os séculos XV e XVI, criaram uma nova forma de entender a realidade. Magia e ciência, poesia e filosofia misturavam-se e auxiliavam-se, numa sociedade atravessada por inquietações religiosas e por exigências práticas de todo gênero.
(Adaptado de Eugenio Garin, Ciência e vida civil no Renascimento italiano. São Paulo: Ed. Unesp, 1994, p. 11.)
Sobre o tema, é correto afirmar que:
a) O pensamento humanista implicava a total recusa da existência de Deus nas artes e na ciência, o que libertava o homem para conhecer a natureza e a sociedade.
b) A mistura de conhecimentos das mais diferentes origens - como a magia e a ciência - levou a uma instabilidade imprevisível, que lançou a Europa numa onda de obscurantismo que apenas o Iluminismo pôde reverter.
c) As transformações artísticas e políticas do Renascimento incluíram a inspiração nos ideais da Antiguidade Clássica na pintura, na arquitetura e na escultura.
d) As inquietações religiosas vividas principalmente ao longo do século XVI culminaram nas Reformas Calvinista, Luterana, Anglicana e finalmente no movimento da Contrarreforma, que defendeu a fé protestante contra seus inimigos.
Resposta: C
Resolução: apesar de cristãos, os humanistas se preocuparam em compreender o ser humano a partir de novas perspectivas, definidas pelo racionalismo, valorizando o individualismo. A idéia básica de Renascimento Cultural está associada ao resgate da cultura clássica, Greco-romana. No século XVI, o movimento de Reforma Religiosa, denominada de protestante, incorpora elementos originados com o Renascimento, destacando-se a visão crítica de mundo e o próprio individualismo, sendo que os reformadores foram combatidos pela Igreja Católica com maior vigor a partir da contrareforma.


QUESTÃO 33
O movimento pelas Diretas Já provocou uma das maiores mobilizações populares na história recente do Brasil, tendo contado com a cobertura nos principais jornais do país.
Assinale a alternativa correta.
a) O movimento pelas Diretas Já, baseado na emenda constitucional proposta pelo deputado Dante de Oliveira, exigia a antecipação das eleições gerais para deputados, senadores, governadores e prefeitos.
b) O fato de que os protestos populares pelas Diretas Já pudessem ser veiculados nas páginas dos jornais indica que o governo vigente, ao evitar censurar a imprensa, mostrava-se favorável às eleições diretas para presidente.
c) O movimento pelas Diretas Já exigia que as eleições presidenciais de 1985 ocorressem não de forma indireta, via Colégio Eleitoral, mas de forma direta por meio do voto popular.
d) As manifestações populares pelas Diretas Já consistiram nas primeiras marchas e protestos civis no espaço público desde a instituição do AI-5, em dezembro de 1968.
Resposta: C
Resolução: No processo de “abertura política” iniciado no governo Figueiredo, algumas medidas se destacaram como o fim da censura, a anistia, o pluripartidarismo e as eleições para governadores estaduais, que se realizaram em 1982. No entanto, aproximando o final do mandato, os militares e o partido governista, pretendiam manter a eleição presidencial pela via indireta, ou seja, através do “colégio eleitoral”.
O movimento das “Diretas Já”, iniciou-se em fins de 1983 e teve a adesão de amplos setores da sociedade, exigindo a aprovação da emenda constitucional apresentada pelo deputado Dante de Oliveira, de eleições diretas para Presidente da República. Apesar das grandes mobilizações que ocorreram no país, a emenda não foi aprovada e a eleição de 1985 ocorreu de forma indireta.




TEXTO PARA AS QUESTÕES 34 E 35
“O homem nasce livre, e por toda a parte encontra-se a ferros. O que se crê senhor dos demais não deixa de ser mais escravo do que eles. (...) A ordem social, porém, é um direito sagrado que serve de base a todos os outros.
(...) Haverá sempre uma grande diferença entre subjugar uma multidão e reger uma sociedade. Sejam homens isolados, quantos possam ser submetidos sucessivamente a um só, e não verei nisso senão um senhor e escravos, de modo algum considerando-os um povo e seu chefe. Trata-se, caso se queira, de uma agregação, mas não de uma associação; nela não existe bem público, nem corpo político.”
(Jean-Jacques Rousseau, Do Contrato Social. [1762]. São Paulo: Ed. Abril, 1973, p. 28,36.)


QUESTÃO 34
No trecho apresentado, o autor
a) argumenta que um corpo político existe quando os homens encontram-se associados em estado de igualdade política.
b) reconhece os direitos sagrados como base para os direitos políticos e sociais.
c) defende a necessidade de os homens se unirem em agregações, em busca de seus direitos políticos.
d) denuncia a prática da escravidão nas Américas, que obrigava multidões de homens a se submeterem a um único senhor.
Resposta: A
Resolução: Rousseau foi um dos mais destacados iluministas, tendo publicado diversas obras, sendo que Do Contrato Social é a mais analisada e difundida. Discute a organização do poder como expressão da vontade da sociedade, criticando o modelo absolutista de sua época e defendendo a organização social para a formação do governo, que deve representar o povo. A expressão “direito sagrado” que aparece no texto não deve ser tomada como base religiosa do autor, mas como a ideia de um direito básico.


QUESTÃO 35
Sobre Do Contrato Social, publicado em 1762, e seu autor, é correto afirmar que:
a) Rousseau, um dos grandes autores do Iluminismo, defende a necessidade de o Estado francês substituir os impostos por contratos comerciais com os cidadãos.
b) A obra inspirou os ideais da Revolução Francesa, ao explicar o nascimento da sociedade pelo contrato social e pregar a soberania do povo.
c) Rousseau defendia a necessidade de o homem voltar a seu estado natural, para assim garantir a sobrevivência da sociedade.
d) O livro, inspirado pelos acontecimentos da Independência Americana, chegou a ser proibido e queimado em solo francês.
Resposta: B
Resolução: Ao defender um modelo democrático, Rousseau inspirou principalmente os grupos populares, destacando-se o grupo jacobino, que incorporou muitos de seus ideais durante a fase da Convenção, quando ocorreram eleições como voto popular (masculino), ao contrário do que defendiam os setores mais elitizados da sociedade, favoráveis, como a maioria dos iluministas, ao voto censitário.


QUESTÃO 36
A política do Império do Brasil em relação ao Paraguai buscou alcançar três objetivos. O primeiro deles foi o de obter a livre navegação do rio Paraguai, de modo a garantir a comunicação marítimo-fluvial da província de Mato Grosso com o restante do Brasil. O segundo objetivo foi o de buscar estabelecer um tratado delimitando as fronteiras com o país guarani. Por último, um objetivo permanente do Império, até o seu fim em 1889, foi o de procurar conter a influência argentina sobre o Paraguai, convencido de que Buenos Aires ambicionava ser o centro de um Estado que abrangesse o antigo vice-reino do Rio da Prata, incorporando o Paraguai.
     (Adaptado de Francisco Doratioto, Maldita Guerra: nova história da Guerra do Paraguai. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p. 471.)

Sobre o contexto histórico a que o texto se refere é correto afirmar que:
a) A Guerra do Paraguai foi um instrumento de consolidação de fronteiras e uma demonstração da política externa do Império em relação aos vizinhos, embora tenha gerado desgastes para Pedro II.
b) As motivações econômicas eram suficientes para empreender a guerra contra o Paraguai, que pretendia anexar territórios do Brasil, da Bolívia e do Chile, em busca de uma saída para o mar.
c) A Argentina pretendia anexar o Paraguai e o Uruguai, mas foi contida pela interferência do Brasil e pela pressão dos EUA, parceiros estratégicos que se opunham à recriação do vice-reino do Rio da Prata.
d) O mais longo conflito bélico da América do Sul matou milhares de paraguaios e produziu uma aliança entre indígenas e negros que atuavam contra os brancos descendentes de espanhóis e portugueses.
Resposta: A
Resolução: o texto destaca a política externa do 2º. Reinado na América Latina, entendida como hegemônica ou imperialista, ou seja, que busca o predomínio frente aos demais países, defendendo, quando necessário, a intervenção direta. A Guerra do Paraguai deve ser entendida como parte do imperialismo brasileiro, que interveio tanto na Argentina como no Uruguai, antes de enfrentar o Paraguai.
Terminada a Guerra, o Brasil, vitorioso, teve que enfrentar uma forte elevação da dívida externa com a Inglaterra e os novos movimentos defensores do abolicionismo e da República.


QUESTÃO 37
Emboaba: nome indígena que significa “o estrangeiro”, atribuído aos forasteiros pelos paulistas, primeiros povoadores da região das minas. Com a descoberta do ouro em fins do século XVII, milhares de pessoas da colônia e da metrópole vieram para as minas, causando grandes tumultos. Formaram-se duas facções, paulistas e emboabas, que disputavam o governo do território, tentando impor suas próprias leis.
(Adaptado de Maria Beatriz Nizza da Silva (coord.), Dicionário da História da Colonização Portuguesa no Brasil. Lisboa: Verbo, 1994, p. 285.)

Sobre o período em questão é correto afirmar que:
a) As disputas pelo território emboaba colocaram em confronto paulistas e mineiros, que lutaram pela posse e exploração das minas.
b) A região das minas foi politicamente convulsionada desde sua formação, em fins do século XVII, o que explica a resistência local aos inconfidentes mineiros.
c) A luta dos emboabas ilustra o processo de conquista de fronteiras do império português nas Américas, enquanto na África os portugueses se retiravam definitivamente no século XVIII.
d) A monarquia portuguesa administrava territórios distintos e vários sujeitos sociais, muitos deles em disputa entre si, como paulistas e emboabas, ambos súditos da Coroa.
Resposta: D
Resolução: os primeiros ocupantes da região das minas foram paulistas de origem bandeirante, que sonharam enriquecer com o ouro encontrado. No entanto, toda a estruturação da exploração aurífera ficou sob controle de representantes da metrópole, que distribuíram as terras àqueles que possuíam escravos – normalmente vindos da região açucareira em crise – e privilegiavam mercadores de origem portuguesa, muitos vindos da cidade do Rio de Janeiro. Esses dois grupos, que chegaram posteriormente, eram vistos como “forasteiros” pelos primeiros ocupantes da região e seus privilégios foram contestados, num movimento que redundou em uma Guerra, com violenta repressão sobre os pequenos mineradores.


QUESTÃO 38
“Ninguém é mais do que eu partidário de uma política exterior baseada na amizade íntima com os Estados Unidos. A Doutrina Monroe impõe aos Estados Unidos uma política externa que se começa a desenhar. (…) Em tais condições a nossa diplomacia deve ser principalmente feita em Washington (...). Para mim a Doutrina Monroe (...) significa que politicamente nós nos desprendemos da Europa tão completamente e definitivamente como a lua da terra.”
(Adaptado de Joaquim Nabuco, citado por José Maria de Oliveira Silva, “Manoel Bonfim e a ideologia do imperialismo na América Latina”, em Revista de História, n. 138. São Paulo, jul. 1988, p.88.)

Sobre o contexto ao qual o político e diplomata brasileiro Joaquim Nabuco se refere, é possível afirmar que:
a) A Doutrina Monroe a que Nabuco se refere, estabelecida em 1823, tinha por base a ideia de “a América para os americanos”.
b) Joaquim Nabuco, em sua atuação como embaixador, antecipou a política imperialista americana de tornar o Brasil o “quintal” dos Estados Unidos.
c) Ao declarar que a América estava tão distante da Europa “como a lua da terra”, Nabuco reforçava a necessidade imediata de o Brasil romper suas relações diplomáticas com Portugal.
d) O pensamento americano considerava legítimas as intenções norte-americanas na América Central, bem como o apoio às ditaduras na América do Sul, desde o século XIX.
Resposta: A
Resolução: a questão aborda uma ideia básica acerca da política externa dos Estados Unidos na época do Presidente James Monroe, momento das independências na América Latina, sob cobiça do imperialismo inglês, sintetizada na célebre frase.
Denominada de “monroísmo”, foi considerada como uma ideologia pan-americana, porém com uma visão diferente daquela propugnado por Bolívar.


QUESTÃO 39
Em discurso proferido em 20 de maio de 2011, o presidente dos EUA, Barack Obama, pronunciou-se sobre as negociações relativas ao conflito entre palestinos e israelenses, propondo o retorno à configuração territorial anterior à Guerra dos Seis Dias, ocorrida em 1967.
Sobre o contexto relacionado ao conflito mencionado é correto afirmar que:
a) A criação do Estado de Israel, em 1948, marcou o início de um período de instabilidade no Oriente Médio, pois significou o confisco dos territórios do Estado da Palestina que existia até então e desagradou o mundo árabe.
b) A Guerra dos Seis Dias insere-se no contexto de outras disputas entre árabes e israelenses, por causa das reservas de petróleo localizadas naquela região do Oriente Médio.
c) A Guerra dos Seis Dias significou a ampliação territorial de Israel, com a anexação de territórios, justificada pelos israelenses como medida preventiva para garantir sua segurança contra ações árabes.
d) O discurso de Obama representa a postura tradicional da diplomacia norte-americana, que defende a existência dos Estados de Israel e da Palestina, e diverge da diplomacia europeia, que condena a existência dos dois Estados.
Resposta: C
Resolução: a “guerra dos seis dias” foi um dos três grandes conflitos que envolveram Israel e países árabes. Em 1967, Israel atacou os países vizinhos, com um pretexto de evitar sofrer uma invasão. No fim da guerra, Israel conseguiu ampliar seus territórios ao conquistar a Península do Sinai, a Faixa de Gaza, a Cisjordânia e as Colinas de Golã.


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